Filipe Estrela: Bootstrapping - A arte que todas as startups devem dominar para ultrapassar a crise!

Filipe Estrela: Bootstrapping - A arte que todas as startups devem dominar para ultrapassar a crise!

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

Bootstrapping, que grande palavrão! Difícil de dizer, mas muito importante no ecossistema empreendedor, principalmente em épocas de crise e de maior instabilidade. Acho que, em português, a expressão mais próxima seria algo como “apertar o cinto”.

Refere-se a uma estratégia, praticamente uma arte, em que se consegue lançar um negócio de sucesso, sem investimento externo: se há entrada de capital, veio de recursos próprios ou dos primeiros clientes. Sei que pode não ser possível em todos os tipos de negócios, mas aplica-se à grande maioria e em alguns casos pode ser a única solução!

Como aumentar a probabilidade de sucesso?

  1. Identificar as hipóteses críticas: é fundamental colocar em causa tudo o que achamos saber sobre a nossa ideia de negócio e perceber verdadeiramente as necessidades dos nossos clientes;

  2. Testar, testar, testar: fazer entrevistas, questionários, landing pages ou outras experiências, para comunicar a proposta de valor aos potenciais clientes e, assim, receber feedback atempadamente, que vai ajudar a (in)validar os pressupostos iniciais;

  3. Apostar nos benefícios diferenciadores: não há margem para investir em atributos que não são críticos ou valorizados pelos clientes. Todos os cêntimos contam e o foco deve estar naquilo que é único e diferenciador!

Quando pesquisei mais sobre este conceito, descobri que várias empresas de renome, como a Microsoft, a Dell, o Facebook ou a GoPro foram criadas por bootstrappers. Os fundadores sabiam que tinham uma boa ideia de negócio, mas tiveram de validar o conceito com muito cuidado, dando os primeiros passos sem qualquer investimento, o que os forçou a ir ao limite da sua criatividade e a contar apenas com o autofinanciamento.

Mesmo demorando mais tempo, devido à falta de recursos externos, conseguiram fazer as primeiras vendas para suportar os custos e investimentos iniciais e continuar a desenvolver a ideia. Mais tarde, conseguiram fechar as primeiras rondas de investimento e tornaram-se verdadeiras multinacionais de sucesso.

Quais as vantagens?

  • Eficiência máxima: ninguém quer desperdiçar o seu dinheiro sem necessidade;

  • Poder de decisão: não há investidores externos a influenciar a direção do negócio;

  • Foco no cliente e nas vendas: se o dinheiro apenas vai entrar através das primeiras vendas, todos os esforços são centrados em gerar valor para o cliente.

E quais as desvantagens?

  • Problemas de tesouraria e tempo: a falta de capital inicial vai atrasar o desenvolvimento dos produtos ou serviços e pode provocar alguma estagnação;

  • Risco e incerteza maior: algumas decisões erradas podem ser desastrosas e o risco de falhar é muito elevado;

  • Stress pessoal: quando se recorre a empréstimos bancários individuais, às poupanças ou se depende das vendas, a dedicação é muito elevada, mas também o stress!

Felizmente, hoje em dia, muitos negócios acontecem online, pelo que o investimento inicial não é muito elevado e é possível recorrer a várias ferramentas e iniciativas gratuitas, disponíveis para ajudar os empreendedores.

Deixo aqui as minhas recomendações:

  1. Assistir a vídeo-aulas sobre Comércio Digital (redes sociais, marketing digital, e-commerce, entre outros): Academia Comércio Digital

  2. Registar um domínio, criar um site e loja online: Voucher 3em1

  3. Fazer Apresentações: Canva ou Google Slides

  4. Criar Folhas de Cálculo ou Documentos: Google Sheets ou Google Docs

  5. Organizar tarefas: Trello

Já durante a crise de 2008, Clayton Christensen, uma referência mundial na gestão da inovação, disse que a recessão teria um “grande impacto positivo na inovação", porque "quando a tensão é maior e os recursos são mais limitados, as pessoas estão muito mais abertas a repensar a maneira fundamental de fazerem negócios". E é mesmo verdade! Sabias que mais de metade das empresas na lista Fortune 500 começaram durante crises económicas?

Na Fábrica de Startups, não cruzamos os braços e estamos a preparar os melhores programas de inovação para continuar a apoiar os empreendedores e ajudar na criação de startups de sucesso! Essa é a nossa arte!



Texto escrito por:

Filipe Estrela, Corporate Project Manager na Fábrica de Startups