Climber Hotel - ou assim se faz uma startup

Mário Mouraz é co-fundador da Climber Hotel e daquele tipo de pessoas que não para por um segundo. Pratica vários desportos, vai de bicicleta para o trabalho todos os dias (muito desafiante quando se vive em Lisboa, a cidade das sete colinas) e adora escalada. É por isso que a sua startup se chama Climber Hotel.

Fez a licenciatura em Gestão no ISCAL (instituto superior de contabilidade e administração de Lisboa) e mestrado em Hospitality Management (Gestão de Hotelaria) na EADA Business School Barcelona.

Em 2014, o Mário era co-fundador de uma startup que desenvolvia uma plataforma agregadora de dados sobre turismo, dando depois essa informação aos hoteleiros. Mas depressa percebeu que não iria funcionar: "Os hoteleiros não querem mais informação, querem que lhes facilitem a vida. Ou nós passávamos a fazer um software que decidia automaticamente ou não valia a pena fazê-lo porque não nos iam pagar por este serviço.".  

Mário saiu da startup e decidiu que ia construir algo que fosse automatizado dentro da área de hotelaria, mais precisamente o processo de alteração de preços, que iria facilitar o trabalho aos revenue managers dos hotéis: "Eu tinha conhecimentos nessa área, e até foi das cadeiras que mais gostei do meu mestrado. Não se pode só executar, envolve pensar e delinear estratégias.".

Ano novo vida nova. Em janeiro de 2015 a Climber Hotel era apenas uma ideia, mas no final desse mês começou a contactar pessoas que quisessem ser suas co-fundadoras: "Tinham que trazer valências que eu não tivesse. Precisava de uma pessoa que fosse analista de dados e outra que fosse de programação.". Nesta altura, já estava incubado na Fábrica de Startups: "Os primeiros seis meses na Fábrica de Startups foram fundamentais, porque nós precisávamos de um escritório para trabalhar, para montar a equipa.".

No mês seguinte, Mário chegou à conclusão que precisava de advisors. Procurou empreendedores que já tinham criado empresas e as tinham vendido com sucesso. Viajou até Barcelona e contratou o Avi Meir, que vendeu a sua startup de software de hotelaria para a Booking.com. 

"O Avi Meir foi crucial nos primeiros seis meses da Climber Hotel. Falávamos uma vez por semana e ele dizia-me o que eu tinha de fazer a seguir. Basicamente, seguia os passos um a um. Isto porque montar um startup não é uma ciência, é só seguir um processo. Não temos que estar a reinventar a roda. ".

Mário e os seus co-fundadores participaram em vários programas sobre como montar um negócio e já em julho de 2015 estavam com uma ideia mais clara do que queriam fazer. "Começamos a delinear o roadmap em termos de produto, o que queríamos desenvolver. Tudo estava mais solidificado, tínhamos uma visão, advisors e uma equipa estável.".

Em novembro de 2015 começamos a preparar a primeira ronda de investimento, através do site de crowdfunding Seedrs, que demorou 7 meses a ser concluída.

Neste momento são 9 pessoas a trabalhar na Climber Hotel e Mário revela que gostava que a equipa crescesse para 19 até ao final do ano. Têm em pipeline cerca de 200 mil euros e em janeiro de 2017 querem chegar a um dos três países seguintes: Reino Unido, França ou Alemanha. "Estamos a desenvolver contactos comerciais, já temos planos de expansão para cada um deles. Queremos também levantar uma ronda de financiamento para nos facilitar nessa expansão internacional.".

Apesar da vontade de expandir para além fronteiras o objetivo é permanecer em Lisboa.  

O Mário tem quatro dicas para quem também quer ser empreendedor:

  • Não começar sozinho - é sempre preciso alguém que seja complementar e em que se confie a 100%: dinheiro, chaves de casa do carro e a cara-metade. Caso não confiarem a 100% um no outro, assim que tiverem o primeiro obstáculo vão desistir.
  • Faz toda a diferença demorar a recrutar as pessoas - "Escolhi bem, entrevistei mais de 50 pessoas para contratar duas. Contratar as pessoas certas para o início é muito importante. Li um artigo sobre a Airbnb em que os fundadores disseram que demoraram seis meses a contratar a primeira pessoa. Estar a investir numa pessoa que é a pessoa errada, que à partida já se sabe que não está 100% alinhada, não vale a pena. É uma perda de tempo e de dinheiro.".
  • Outsourcing nem sempre é bom - Muitas startups desenvolvem algo tecnológico, como uma aplicação para telemóvel, por exemplo. Se não são as próprias startups a desenvolver o produto, não só vai demorar mais tempo a ficar feito (não tendo controlo nenhum sobre os timings), como também nunca vão ter conhecimento a 100% do produto para o explicar aos seus clientes. Long story short, as startups devem desenvolver internamente o seu próprio produto.
  • Seguir o exemplo - procurar alguém que já tenha feito e perguntar exatamente como fizeram, ou juntar-se a um programa que vá passo a passo ajudando-nos na definição do modelo de negócios. 

 

 

Christina Kronback