Diogo Medina: “Se as startups se focarem em fazer bem o seu trabalho e responderem a necessidades reais, as suas probabilidades de sucesso aumentam”

Diogo Medina: “Se as startups se focarem em fazer bem o seu trabalho e responderem a necessidades reais, as suas probabilidades de sucesso aumentam”

A Consulta do Viajante, startup vencedora da edição de 2016 do programa de aceleração Discoveries, é a nossa Startup do Mês de janeiro. O seu Fundador, Diogo Medina, contou-nos como surgiu a ideia de negócio, quais são os seus desejos para 2020, os motivos que o levaram a participar no Discoveries e deixou também alguns conselhos a quem está agora a lançar o seu projeto.

© Consulta do Viajante

© Consulta do Viajante

O tempo é um bem cada vez mais precioso. E se pudéssemos ajudar a poupar este tempo? Foi isso que Diogo Medina pensou quando criou a Consulta do Viajante, startup da área da saúde que, através de uma videochamada, presta aconselhamento médico personalizado a quem vai de viagem.

 

Uma conversa importante, mas simples:

Diogo conta que dava consultas de medicina do viajante quando se apercebeu que, na maior parte das vezes, “era basicamente uma conversa entre mim e os viajantes e, para eles, era um bocadinho frustrante terem de se deslocar a um local físico para uma conversa importante, mas simples”, explica.

 

Será que isto pode ser feito de outra forma?

Diogo começou, então, a tentar perceber se haveria outra forma de dar estas consultas, sem que as pessoas tivessem de se deslocar. Foi aí que surgiu a ideia de fazer as consultas em telemedicina, uma prática que na altura não era muito comum em Portugal, mas já havia alguma regulamentação que o permitia fazer.

 

Testar, testar, testar:

O Fundador da Consulta do Viajante diz que tentou também perceber “se havia uma necessidade por parte dos viajantes”. Para isso criou um site que permitia fazer marcações, sem se pagar nada, “só para tentar medir um pouco se as pessoas, ao chegarem à página, demonstravam estar ou não interessadas no serviço”. Cerca de um ou dois meses depois, decidiu abrir as “primeiras consultas e funcionou”. Diogo conta que nos primeiros meses davam quatro/cinco consultas por mês e, hoje em dia, “qualquer período de consulta” que abram “está sempre cheio”. “Já ultrapassamos as 10 mil consultas feitas”, declara.

 

Condições reunidas:

Sabendo que havia a possibilidade, em termos legais, de o fazer e uma necessidade por parte dos viajantes, Diogo decidiu explorar esta área da telemedicina. Na primavera de 2015 criou a Consulta do Viajante e começou a dar as primeiras consultas: “inicialmente era apenas eu, mas cerca de ano e meio depois começaram-se a juntar outros colegas e, neste momento, já somos cinco médicos”.

 

Uma equipa a solo:

Diogo acredita que nem sempre é necessário ter logo uma equipa para começar: “ser uma equipa a solo na fase de ideação não é um bicho-de-sete-cabeças”. Já “na fase de escalabilidade ter mais cabeças pensantes ajuda imenso”. “No nosso caso, a partir do momento em que a equipa cresceu foi muito bom”, acrescenta.

 

Devagar se vai ao longe:

Diogo diz que “foi um crescimento gradual, de início bastante lento,” porque manteve e mantém ainda a sua atividade principal noutras áreas. E, apesar de não estar “100% dedicado a isto”, a Consulta do Viajante “passou de algo que pagava o ordenado a apenas uma pessoa para algo que, neste momento, paga ordenados a cinco”, explica.

 

Wishlist para 2020:

Fazer “crescer, gradualmente, o negócio, até ser verdadeiramente um modelo de plataforma”. É este o grande objetivo de Diogo para 2020. Para isso, pretende aumentar a equipa. O Fundador da Consulta do Viajante explica que tal como fizeram no início com os viajantes, criaram uma área no site para perceberem se havia médicos interessados em participar no projeto. “Neste momento, temos mais de 30 pedidos de participação por parte de médicos e, portanto, a necessidade desse lado está mais do que comprovada”, afirma Diogo. Agora, “há é a necessidade de estruturar bem o negócio para garantir que a entrada deste volume de pessoas é feito de uma forma sustentada”, termina.

 

#naosomostodosunicornios:

Para Diogo, seja qual for a ideia de negócio, é preciso “perceber-se e ter-se bem a certeza de que ela responde a um problema real que as pessoas têm”. “As pessoas até podiam não saber que o tinham antes, mas se confrontadas com a solução é algo que vêem com valor, é o principal”, acrescenta. Depois, é preciso “fazer uma coisa funcionar, mesmo que não seja completamente perfeita”, diz o Fundador da Consulta do Viajante. “Nós temos a ideia de que todos temos de ser unicórnios e todos temos de gerar startups bilionárias e eu acho que não existe essa capacidade em Portugal”, continua. “Nós geramos unicórnios muito devagar, comparativamente com outros países e, portanto, se as startups se focarem em fazer bem o seu trabalho e responderem a necessidades reais, as suas probabilidades de sucesso aumentam”, termina.

 

Discoveries, uma forma de escalar o negócio:

Solidificar o negócio”. Era este o principal objetivo de Diogo, quando decidiu participar no Discoveries, em 2016. O Fundador da Consulta do Viajante explica que, na altura do programa, o negócio “já gerava resultados bastante positivos, mas era preciso ganhar as ferramentas necessárias para construir algo que pudesse servir várias pessoas”. Para além disso, acrescenta ainda que “foi também plantada a semente para alguns projetos de parceria” que vieram depois a lançar “com agências de viagens, por exemplo”. “A ideia de negócio já estava montada e era relativamente sólida, mas os requisitos para a poder escalar foram algo que desenvolvemos nessa altura”, conclui.

Entrevista feita por:

Rita Frade, Coordenadora de Marketing e Comunicação da Fábrica de Startups