Tarifas sustentáveis são o futuro do Turismo e a nøytrall tem a solução

Tarifas sustentáveis são o futuro do Turismo e a nøytrall tem a solução

Este mês fomos conversar com uma das startups vencedoras da 6ª edição do Discoveries: a nøytrall. Nesta entrevista, Miguel Onofre, um dos seus Co-Fundadores, deu-nos a conhecer esta solução que tem como missão ajudar os hotéis a monitorizar o consumo dos hóspedes.

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

Há muitos hotéis que têm dificuldade em controlar o consumo de água e de energia dos seus hóspedes. A nøytrall é a startup - criada por Miguel Onofre, Miguel Clemente e Diana Ferreira - que vem dar resposta a este problema, ao permitir identificar padrões de consumo, que vão ajudar a reduzir a pegada ecológica das estadias. Nesta entrevista, Miguel Onofre explica como surgiu esta ideia de negócio.

 

Uma necessidade:

Miguel conta que tudo começou há uns anos atrás, com um outro projeto também ligado à sustentabilidade: “nós entrámos em contacto com o hotel Rio do Prado, em Óbidos, para vermos se conseguíamos lá colocar os nossos painéis solares e, nessa altura, o dono do hotel falou-nos numa necessidade que sentia, nomeadamente controlar o consumo dos hóspedes”. Miguel diz que foi aí que decidiram avançar com o desenvolvimento de um sistema de monitorização, quarto a quarto.

 

A procura por clientes:

A seguir, foram tentar vender esta tecnologia a mais hotéis, mas, segundo Miguel, sem grande sucesso: “como ainda estávamos em fase de desenvolvimento, foi muito difícil que os hotéis se abrissem a este tipo de sistemas”. “Eles até gostavam da ideia, mas até verem quanto é que podiam poupar com aquilo, não tomaram nenhuma decisão”, acrescenta. De qualquer forma, Miguel diz que, atualmente, já têm “quatro pilotos e duas pré-vendas”.

 

A monitorização:

Este sistema de monitorização funciona através de duas aplicações: uma só para os hotéis - para que estes possam ver, quarto a quarto, quais é que sãos os consumos durante as estadias - e outra só para os hóspedes - para que estes possam acompanhar os seus consumos durante a sua estadia.

 

A criação de tarifas sustentáveis:

No entanto, Miguel explica que agora o objetivo é criar tarifas sustentáveis, que possam variar de hotel para hotel: “ou os hotéis têm um teto máximo de consumo sustentável e, a partir daí, a pessoa começa a pagar um extra pelo consumo exagerado que tem ou, então, logo à partida, têm os custos normais, mas relativamente mais baixos, da estadia, em que eles cobram os custos fixos do hotel e depois os consumos são cobrados à parte”.

 

Uma questão de justiça:

Miguel explica que aquilo que pretendem é fazer com que haja justiça em termos daquilo que o hóspede paga: “há hóspedes a consumirem 500 litros de água numa estadia, em que pagam, imaginemos, 100€ e temos outros que gastam 40 e pagam os mesmos 100€ e isso não é justo”.

 

Dar um boost à nøytrall:

Miguel conta que os seus colegas e também Co-Fundadores da nøytrall, Miguel Clemente e Diana Ferreira, já tinham participado numa edição anterior do Discoveries e, por isso, quando viram que as candidaturas para 2021 tinham aberto não pensaram duas vezes: “nós temos de nos candidatar a isto, porque isto nos vai dar um boost incrível à nøytrall”.

 

A mais-valia do Discoveries:

“Os trabalhos que nós tínhamos de fazer, diariamente, abriram-nos os olhos para algumas áreas que nós ainda nem sequer tínhamos olhado”, diz Miguel, acrescentando que as sessões de mentoria com os formadores foram “excecionais”.

 

Uma vitória inesperada:

Miguel conta que não estava, de todo, à espera de sair vitorioso: “foi extraordinário e vai ficar para sempre”. “Foi o primeiro programa em que nós fomos vencedores”, acrescenta.

 

A possibilidade de fazer parcerias:

Apesar de o programa ser remoto, Miguel diz que houve uma ligação entre todos os participantes e que já há, inclusive, conversações com a SeaEO-Tours para fazerem uma parceria: “como nós temos uma parte de gamificação no nosso sistema, pensámos logo em arranjar vouchers para que os turistas possam dar uma voltinha no rio Tejo”.

 

Não baixar os braços:

Miguel diz que a pandemia não os fez parar: “apesar de não estarmos a trabalhar com nenhum hotel, nós não parámos um único dia”. “Aproveitámos para aperfeiçoar o nosso sistema”, acrescenta.

 

Época de oportunidades:

Para Miguel, esta é a altura ideal para arrancar. “Ao estarem fechados, os hotéis tiverem a noção dos custos que têm diariamente e, por isso, vão querer implementar pequenas práticas de sustentabilidade”, diz. “Esta pode ser a oportunidade para muitas startups”, acrescenta Miguel.

 

Um conselho importante:

Mas, Miguel deixa o alerta de que é muito importante ponderarmos as nossas decisões: “às vezes aparecem-nos propostas que são demasiado tentadoras e o melhor que temos a fazer é sentarmo-nos, pensarmos, metermos os pés na terra e vermos se é mesmo aquilo que queremos ou não”. “O facto de ter uma equipa bastante coesa acho que ajuda bastante nisso, porque falamos de todos os pontos possíveis e imaginários, até tomarmos uma decisão”, acrescenta.

 

Objetivos e ambições:

Sobre o futuro, Miguel diz que um dos Co-Fundadores tem uma frase que ele próprio adora: “queremos ser o primeiro sistema de monitorização de consumos em Marte”. “Eu acho que essa é a frase que nos define”, conclui.

Entrevista feita por:

Rita Frade, Coordenadora de Marketing e Comunicação da Fábrica de Startups