A Fábrica com vista para o Mar

É um sentimento engraçado quando o Verão e o trabalho se juntam.  O sentimento de andar no sentido oposto do trânsito, onde milhares seguem rumo à confusão da entusiasmante cidade de Lisboa, e saber que os habituais prédios altos serão substituídos por um mar de azul acompanhado por aquela luz matinal que caracteriza a nossa cidade. O adicionar um rápido “check” meteorológico das ondas e o fato-de-banho à nossa rotina matinal e saber que ser amante do oceano e de uma carreira profissional desafiante não têm de ser mutuamente exclusivos.

No entanto, esta rotina matinal, a de um passeio ao final do dia, e umas discussão sobre a temperatura da sala com outros estagiários, foram as únicas certezas que existiram. Estes meses foram verdadeiramente uma constante surpresa e um mergulho no desconhecido para mim. Como uma verdadeira experiência numa startup deve ser, fui envolvido num pouco de tudo. Mas vamos começar pelo início. Dia 5 de Junho (1º dia do estágio), disse que as minhas expetativas seriam: conhecer o eco-sistema empreendedor em Portugal, fazer experiências para testar modelos de negócio, e saber o que realmente era preciso para criar uma Startup.

Poucos estagiários em Portugal poderão dizer que num espaço de três meses participaram da criação de uma “IKEA para Startups”, passaram uma semana a desenvolver uma ideia num forte, no centro da espetacularmente bonita cidade de Viana do Castelo, e por fim, apresentaram a ideia num auditório no Porto cheio de empreendedores e investidores de topo em Portugal. Neste estágio não houve espaço para ter medo de sair da zona de conforto, e noto uma diferença em mim, não só profissionalmente mas a nível pessoal. Menos coisas me assustam, o que é importante, neste mundo desafiante que é o empreendedorismo.

Foi importante ter esta primeira experiência num escritório, e mais ainda poder rodear-me de pessoas com ambição e vontade de ter sucesso na vida.  Aqui é nos prometido um ambiente internacional entre colegas, uma cultura informal de comunicação à base do “tu” e, mais importante ainda, um apoio constante por todos os diferentes departamentos. Por isto, ficarei sempre agradecido. Saio deste estágio mais confiante nos meus futuros empreendimentos, e com um diploma na difícil plataforma que é o F6S. 

Enquanto escrevo este texto, dois automóveis batem na Marginal e o nadador-salvador de serviço assume a posição de polícia sinaleiro, enquanto banheiros curiosos os rodeiam. Conseguia habituar-me a isto.

António Pereira