Tudo aquilo que precisas de saber sobre o Acelerador do European Innovation Council
Na semana em que abriram as candidaturas ao Acelerador do European Innovation Council, conversámos com a Agência Nacional de Inovação para saber mais sobre este programa e entender o tipo de apoios que oferece.
Já foi lançado o European Innovation Council, uma iniciativa do Horizonte Europa que pretende apoiar as startups mais disruptivas, com bolsas de desenvolvimento tecnológico e validação, até dois milhões e meio e equity, para escalar o negócio até 15 milhões de euros. Para percebermos um pouco melhor o conceito e principais datas deste programa, conversámos com Cristina Gouveia, National Contact Point For Horizon 2020 na ANI - Agência Nacional de Inovação.
O European Innovation Council vai ser lançado nos dias 18 e 19 de março. Quer explicar-nos melhor em que é que consiste este programa?
O European Innovation Council é o novo programa da Comissão Europeia, que está dentro de um fundo, que se chama Horizonte Europa, que apoia a investigação e a inovação a nível da Europa.
Como é que surgiu a ideia de criar o European Innovation Council?
Apesar de haver já outros programas, a Comissão Europeia sentiu que havia necessidade de apoiar a investigação que pudesse dar origem a novos negócios, em todas as fases do desenvolvimento, desde a ideia até à chegada ao mercado.
E qual é que é a diferença entre este e os outros programas?
O European Innovation Council não é só um instrumento financeiro. Também tem uma estrutura de suporte, direcionada para apoiar as empresas, os investigadores que queiram e que tenham ideias e que tenham potencial em criar negócios.
Qual é o papel que vocês têm neste processo?
A Agência Nacional de Inovação faz parte de uma rede que se chama PERIN, Portugal in Europe Research and Innovation Network, e tem como funções apoiar algumas das componentes desse fundo do Horizonte Europa. E, neste caso, é na ANI que está o apoio ao European Innovation Council.
O que é que isso significa?
Que temos lá uma equipa de pessoas que vai seguindo todas as políticas que a Comissão Europeia vai lançando e discutindo com os Estados-Membros. Nós participamos nessa discussão, mas fazemos o mais importante: dar apoio às empresas ou aos investigadores que queiram entrar neste tipo de programas, concorrer, obter financiamento e, sobretudo, passarem a estar nesta rede de contactos e de conhecimento, porque os programas de financiamento não são só dinheiro. São também formas de as pessoas se darem a conhecer e conhecerem outras.
De que tipo de startups é que o European Innovation Council está à procura?
O European Innovation Council procura apoiar as empresas que tenham maior potencial de crescimento, mas também as que tenham maior risco. São empresas que a Comissão Europeia agora chama de deep tech, ou seja, empresas que têm um negócio baseado numa tecnologia e que para se manterem competitivas vão sempre exigir um desenvolvimento tecnológico elevado. Até podem lançar um produto, mas para continuarem a fazer crescer esse produto vão ter sempre que desenvolver mais tecnologia. É este o principal alvo do European Innovation Council, em termos de empresas.
E como é que selecionam as startups?
Praticamente todos os concursos que existem no Horizonte Europa são sempre avaliados de acordo com três critérios: excelência científica, ou seja, basicamente se aquela ideia é uma ideia que é nova e que tem robustez científica; impacto, isto é, o que é que vai resolver na sociedade e que negócios é que vai criar e, por último, a implementação, se percebem bem como é que vão conseguir alcançar os objetivos a que se propõem.
Vocês também participam na seleção?
Nós participamos no processo, no sentido em que damos apoio a quem está a concorrer. Por exemplo, lemos as candidaturas, quando já estão a ser elaboradas, e damos algumas opiniões para explicar até que ponto é que aquilo está a cumprir ou não todas as regras. Na realidade, a nossa missão é de expectadores, porque nós não avaliamos as candidaturas, nem temos qualquer tipo de influência. A única influência que podemos ter é quando a Comissão Europeia começa a organizar esses mecanismos de avaliação e a dizer quais é que são as regras. Nessa fase, nós podemos dizer e contribuir para que essas regras sejam ou mais simples ou mais eficazes, mas depois, fora disso, não temos qualquer tipo de intromissão.
Há algum caso de sucesso que queira destacar?
Há vários, mas posso falar-vos da Sword Health, que foi a primeira empresa portuguesa a ganhar um instrumento que existia o mais próximo do European Innovation Council, em 2014 ou 2015, e que é uma empresa que está ainda a concretizar o seu potencial e que tem tido muitos sucessos, em termos de aumentar o seu mercado.
Que curioso, conhecemos a Sword Health e o André Nogueira em 2016, quando fizemos o Macau Startup Fórum, um evento que pretendia divulgar projeto portugueses inovadores e com grande capacidade de expansão, nesse caso, especificamente para o mercado asiático. Mas, voltando ao European Innovation Council, que datas é que as nossas startups devem ter em mente, se se quiserem candidatar?
A comunicação não tem sido clara em relação a isso, mas a expectativa é que a partir de dia 18 de março seja possível aceder à ferramenta para submeter a candidatura. Mas, de forma resumida, a entrega das candidaturas vai ter duas etapas principais. A primeira abre a 18/19 de março, que é a candidatura inicial, e só se passarem à fase seguinte é que podem submeter a candidatura final, que também tem duas datas especificas: 9 de junho e 6 de outubro. Pelo menos é o que é expectável. E, portanto, isto quer dizer que há aqui um prazo muito curto para se submeterem as candidaturas iniciais.
E que ferramenta é essa?
É uma ferramenta de perguntas e respostas, que vai ficar disponível num site específico do European Innovation Council, com feedback associado, ou seja, quem quiser candidatar-se vai ter de começar por preencher um questionário online. Depois, de acordo com a análise que essa ferramenta vai fazer da candidatura, vai receber também algum feedback. Aliás, o dia 19 de março é exatamente para dar a conhecer essa ferramenta que, segundo a Comissão Europeia, é baseada em inteligência artificial.
Essa ferramenta também avalia as candidaturas?
Não. A avaliação é feita por um grupo de peritos selecionados pela Comissão (são 4 peritos distintos), que vão dizer se aquela startup passa ou não. Agora, o que acontece é que esta ferramenta vai produzir indicadores de, por exemplo, disrupção (se existem patentes ou não). Portanto, o avaliador vai usar esses indicadores, como apoio, na decisão que tiver de tomar, de sim ou não. Por isso, se os candidatos perceberem como é que esta ferramenta funciona, podem fazer uma candidatura melhor. Não é a ferramenta que decide, mas vai influenciar substancialmente, de certeza, os avaliadores.
Quando é que as startups conhecem os resultados da primeira candidatura?
A Comissão diz que num mês dá a avaliação se passam ou não à segunda fase. A partir daí, as startups têm o tempo que sobrar para preparar a candidatura completa. Agora, nesta fase, a ideia é que as respostas sejam rápidas e curtas. Na segunda fase, a exigência já será outra. Ainda assim, é preciso terem muito cuidado nesta primeira fase. Caso contrário, é um esforço perdido, até porque há regras que não permitem ressubmissão de candidaturas.
Há algum conselho que queira deixar às nossas startups?
Se estão a pensar candidatar-se, recorram às pessoas que vos podem ajudar, sejam das incubadoras ou das aceleradoras, e falem também connosco. Como estamos centralizados, temos a experiência de ouvir muitas empresas, de ouvir quem desenhou o programa, da parte da Comissão, e o que é que eles pretendem. Portanto, nós temos muita informação, que podemos e que tentamos passar. Nós não podemos garantir que ganhem, mas podemos ajudar a que encontrem um caminho com menos obstáculos.
Há alguma página, no vosso site, que facilite esse contacto?
Sim. Temos uma página no nosso site, em que estamos lá com as nossas fotografias e os nossos números de telefone, e temos também um grupo de LinkedIn, que é exatamente para quem se quiser candidatar ao EIC. Nós estamos muito disponíveis e, por isso, podem sempre nos telefonar. Aliás, é uma das coisas que eu digo: telefonem, porque não há nada melhor do que as pessoas se conhecerem e passarem a perceber quais são as dificuldades de uns e de outros.
Links úteis:
Entrevista feita por:
Rita Frade, Coordenadora de Marketing e Comunicação da Fábrica de Startups