Freelancers e Startups: uma união que pode dar muitos frutos

Freelancers e Startups: uma união que pode dar muitos frutos

Como freelancer, quando penso em startups penso em muita coisa que faz parte do meu ADN: dinamismo, inovação, polivalência, entre outras características. Um profissional que decide começar a trabalhar por conta própria, na sua própria atividade profissional e em vários projetos e com múltiplos clientes, tem muitas similitudes com as startups.

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

Tendo já trabalhado com algumas startups enquanto freelancer, sinto que existem várias questões interessantes para os fundadores de uma startup refletirem sobre esta união.

  • Qual é o interesse para uma startup contratar um freelancer ao invés de um profissional salariado com contrato “tradicional”?

  • Como preparar uma contratação de um freelancer?

  • Quais os cuidados a ter para que essa aposta seja bem sucedida?

Porquê contratar um freelancer?

Por norma, numa startup, o orçamento é limitado. É comum vermos fundadores e primeiros parceiros que se tornam multitarefas. A verdade é que se a startup não tiver investimento inicial para contratar em massa, a solução para lidar com tarefas que precisam de ser delegadas, pode passar pela contratação de estagiários ou trabalhadores pontuais… como os freelancers.

Algumas características associadas, por norma, aos freelancers são precisamente as que permitem uma contratação rápida e eficaz por projetos em estado inicial:

  • o facto de serem dinâmicos,

  • de serem proativos e

  • de procurarem uma cultura de proximidade com as pessoas com quem trabalham.

No entanto, a contratação de um freelancer nem sempre é fácil e pode ser morosa. É preciso garantir que se encontra a pessoa no estado de conhecimento e experiência certo; é preciso entender se há tempo para treinar o freelancer, ou se é preferível contratar alguém com mais experiência para minimizar a learning curve inicial.

Outra questão que pode travar esta opção pelas startups é a organização. Contratar um freelancer em vez de um trabalhador a tempo inteiro envolve a delegação de tarefas específicas. Afinal, o freelancer poderá não estar envolvido em todo o projeto e é preciso garantir que ele sabe exatamente o que deve e tem que fazer.

Para facilitar a reflexão, eis uma pequena lista das principais vantagens e desvantagens de se contratar um freelancer para uma trabalhar com uma startup:

Vantagens:

  • Custos inferiores e maior flexibilidade no investimento feito;

  • Possibilidade de aumentar a diversidade de inputs no projeto, por se ter pessoas diferentes e com visões diferentes a trabalhar nele;

  • Permite lidar com momentos de maior trabalho sem precisar de investir numa contratação a longo prazo; afinal, a contratação de um freelancer é, por norma, a curto prazo ou apenas para lidar com tarefas que acontecem pontualmente;

Desvantagens:

  • Maior exigência no processo de recrutamento;

  • Necessidade de maior organização interna.

Dicas para uma startup contratar os melhores freelancers

Organização

Esta dica é importante mesmo fora do contexto de recrutamento de um freelancer. Organização interna, sobretudo numa fase inicial, só ajuda e torna-se rapidamente um ponto positivo para o trabalho futuro.

Por organização, neste contexto, falo sobretudo na organização das informações e dados que permitem apresentar o projeto. A ideia é que qualquer profissional ou pessoa externa fique a entender rapidamente a startup.

Isto inclui informações básicas como a missão, o objetivo, o problema que pretende ser resolvido, o público-alvo, as funcionalidades e as diferentes fases de implementação e lançamento das mesmas e, se possível, o calendário/road-map do trabalho.

Para um freelancer que está a ser contratado especificamente para trabalhar numa tarefa, é importante que ele entenda rapidamente a startup como um todo. Isso não só permite minimizar o tempo que se perde na formação inicial do freelancer, como também permite que o freelancer aumente o seu rendimento e produtividade iniciais.

Procurar freelancers, não agências

Existem cada vez mais agências de freelancers. No entanto, como freelancer que trabalha hoje de forma totalmente independente mas que já trabalhou para uma agência, estou inclinada para recomendar a contratação direta.

Contratar uma agência tem várias vantagens: a contratação acontece de forma mais rápida, com maior segurança na realização do trabalho e permite, também, um acesso a um maior leque de competências.

No entanto, se um dos objetivos na contratação de freelancers passa por manter o orçamento mais controlado, uma agência vai sair bem mais caro. Afinal, a agência faz dinheiro sobre o valor do trabalho do freelancer. A diferença do valor pago no final compensa, na minha opinião, o tempo investido na procura e no recrutamento do profissional. Para além disso, a contratação de uma só pessoa permite uma comunicação mais pessoal e direta, o que poderá levar a um maior envolvimento, produtividade e motivação para ambas as partes.

Mas se o tempo investido como extra no processo de recrutamento de um individual for um impeditivo, as agências de freelancers são uma excelente aposta para aceder a um leque de profissionais previamente selecionados e ter um ambiente de trabalho mais controlado.

Escolher um freelancer alinhado com o projeto

Um freelancer é, por norma, uma pessoa com um mindset empreendedor. Afinal, criar a sua própria atividade profissional não é fácil. Isto é um excelente ponto de partida para uma startup, que está numa fase inicial e que tem como principal objetivo crescer.

Mas ter uma mentalidade empreendedora não é, claro, suficiente. Como em qualquer processo de recrutamento, é importante procurar um profissional que se alinhe com o projeto e que não se desmotive durante a sua concretização. Como neste caso o freelancer está a ser contratado para uma tarefa e/ou para um momento específico, e poderá ter outros clientes e projetos em mãos, é essencial que se sinta motivado todos os dias.

Então não tenha medo de apresentar, logo no primeiro contacto, a startup e o qual é o vosso objetivo e posicionamento para o mercado. Isso permitirá ao freelancer sentir se está motivado o suficiente para embarcar na aventura ou não.

Onde e como contratar?

Existem várias formas de encontrar freelancers. Para além das agências, que já referi anteriormente, existem várias outras plataformas onde é possível encontrar freelancers independentes.

As plataformas que recomendo aos meus clientes são, para projetos maiores e complexos, o Upwork e o Toptal e, para projetos mais pequenos e tarefas bem pontuais (como traduções, inserção de dados, edições, etc), o Fiverr. Passar por estas plataformas permite uma segurança suplementar no caso de o trabalho contratado não ser entregue ou não respeitar o briefing inicial. Outra vantagem de passar por estas plataformas é a nível de impostos e taxas. A contratação através destas plataformas faz com que sejam elas a lidar com os pagamentos.

Para além das plataformas, outra excelente forma de encontrar freelancers é usando o LinkedIn. Seja publicando um pedido de recomendação no seu perfil e ver que conselhos lhe dão as pessoas da sua rede, seja fazendo uma pesquisa no motor (usando palavras-chave como “freelancer” ou “trabalhador independente” + a área procurada).

Como nota final, deixo o seguinte: más contratações e experiências menos positivas podem acontecer também em contratações “tradicionais”, não é um exclusivo do mundo do freelancing e da gig economy. Quando o processo é feito de forma correta e organizada, pode levar a tremendas vantagens e, quem sabe, à oportunidade de encontrar um profissional que se torne um aliado a longo prazo na startup.

Texto escrito por:

Krystel Leal, freelancer remota na área do marketing digital e de estratégias de conteúdos e fundadora do projeto Nomadismo Digital Portugal