Luis Lombana: "Queremos desenvolver algo que atenue o enorme e crescente impacto dos fertilizantes nos oceanos”
A Ficosterra, uma das startups vencedoras da 2ª edição do programa de aceleração Blue Bio Value, é a nossa Startup do Mês de março. O seu CEO, Luis Lombana, falou-nos dos três principais motivos que os levaram a desenvolver este projeto, como o desenvolveram e onde esperam chegar.
© Ficosterra
O efeito dos fertilizantes no ambiente e a crescente procura de produtos orgânicos por parte dos consumidores foram dois dos principais motivos que levaram Luis Lombana, CEO da Ficosterra, a avançar com o projeto. Esta startup produz biofertilizantes e bioestimulantes, 100% vegetais e ecológicos, com algas e microorganismos que favorecem o desenvolvimento de culturas e plantas.
Estender o uso doméstico de algas marinhas à indústria:
Luis conta que a ideia de negócio “veio da empresa mãe”, a Hispanagar, que há 53 anos faz extração de ágar-ágar – uma gelatina vegetal criada a partir de várias espécies de algas marinhas – e do conhecimento de que “as algas marinhas são utilizadas na agricultura há séculos”. “A ideia foi estender este uso doméstico ou artesanal de algas marinhas a um uso mais industrial”, explica o CEO da Ficosterra.
O uso de fertilizantes e a procura de produtos orgânicos:
Segundo Luis, para além de saberem que as algas marinhas são utilizadas pelos agricultores tradicionais, houve ainda mais dois motivos que os levaram a avançar com o projeto: “o efeito dos fertilizantes no ambiente” e a “crescente procura de produtos orgânicos”. O CEO da Ficosterra explica que aquilo que realmente queriam “era desenvolver algo que atenuasse o enorme e crescente impacto dos fertilizantes nos oceanos” e ajudar a dar resposta à crescente procura de produtos naturais por parte dos consumidores, como “fruta orgânica, cereais orgânicos e vegetais orgânicos”.
Ler, estudar e fazer testes:
“Começámos por ler muita informação”. Este foi o ponto de partida da Ficosterra. Luis explica que, em primeiro lugar, tentaram perceber quais eram “as necessidades da agricultura e o que é que as algas marinhas poderiam fornecer”. Depois foram para laboratório e começaram a fazer alguns testes.
“Temos o produto, vamos começar”:
Um dos testes que fizeram foi através de um rapaz que cultiva tomates e que quis experimentar o produto que estavam a desenvolver. Luis conta que quando soube que o resultado tinha sido bastante positivo, foi o momento em que chegou ao pé de todos e disse “temos o produto, vamos começar”.
Principais objetivos da Ficosterra:
Depois de consolidarem o seu posicionamento no mercado espanhol, o CEO da Ficosterra diz que o principal objetivo é partir para a expansão internacional: “o plano que nós temos para os próximos três anos é abrir os mercados internacionais para os produtos que nós temos e que já provaram ser bastante positivos e confiáveis para a agricultura”. Outro dos objetivos é serem como uma espécie de “voz”. Luis explica que gostavam de “tornar o problema [dos efeitos negativos da agricultura convencional] o mais conhecido possível”.
O Blue Bio Value:
Para Luis, “o feedback que receberam das diferentes empresas que participaram no programa foi incrível”. Em relação ao prémio - 15,000€ -, o CEO da Ficostera explica que, por um lado, está a permitir-lhes candidatar-se a um fundo europeu com uma empresa portuguesa e, por outro, a posicioná-los noutros programas.
Não um, mas vários conselhos a quem está agora a começar:
Luis diz que “dar só um conselho é complicado”. De qualquer forma, aconselha os jovens empreendedores a “terem a certeza daquilo que estão a fazer, a serem apaixonados por aquilo que estão a fazer e a estudarem muito o mercado antes de darem o salto”.
Entrevista feita por:
Rita Frade, Coordenadora de Marketing e Comunicação da Fábrica de Startups