Joana Soares: Turismo Responsável - Como Avançar Sem Retroceder

Joana Soares: Turismo Responsável - Como Avançar Sem Retroceder

Se há um ano me dissessem que hoje estaria a escrever o meu primeiro post para o blog da Fábrica de Startups, não acreditaria. Chamo-me Joana, tenho 25 anos e a felicidade de acordar todos os dias para dar o meu melhor, como Acceleration Program Assistant, nesta que é uma das empresas mais dinâmicas do ecossistema empreendedor. Para a minha estreia e por ocasião do Dia Mundial da Terra decidi partilhar convosco um tema que me inquieta: como recuperar o ritmo perdido e adaptar a oferta turística à crescente preocupação ambiental, que marcará a procura nos tempos que se avizinham.

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

© Ana Oliveira, Fábrica de Startups

Entrámos em 2021 a pensar que, depois de enfrentarmos mais um confinamento, veríamos a luz ao fundo do túnel e, finalmente, nos vingaríamos das viagens que 2020 nos roubou. Revenge travel, é assim que se chama o fenómeno que o Cambridge Dictionary propôs acrescentar ao dicionário juntamente com outras expressões que nasceram em contexto pandémico, tais como half-tourist (viajantes que passam parte do seu tempo a trabalhar remotamente no destino) ou schoolcation (férias em família enquanto as crianças têm aulas online). Revenge travel pressupõe viajar mais frequentemente como consequência de ter estado impedido de o fazer durante tanto tempo - e foi inspirado no revenge spending dos anos 80, como explica Rui Vasconcelos, CEO da FWDhotels, no artigo para o Jornal Económico.

Acabada de chegar à Fábrica de Startups, num ano em que mudei ligeiramente o meu estilo de vida, influenciada pela série Down to Earth (Netflix, 2020), pelo livro Salvar o Planeta Começa ao Pequeno-Almoço (Jonathan Safran Foer, 2020) e pelo documentário de David Attenborough (A Life in Our Planet, 2020), estaria a mentir se não dissesse que a sustentabilidade presente em alguns programas foi uma das vertentes que mais me atraiu na empresa. Depois do Blue Bio Value (dedicado à sustentabilidade marinha), o lançamento do Tourism adVenture, em parceria com o Turismo de Portugal, vem dar resposta a vários desafios de inovação no setor, entre os quais #viajarresponsavelmente. 

Mas como distinguimos afinal Turismo Responsável, Turismo Sustentável, Turismo Regenerativo e Ecoturismo?

O Greenfest explica que os quatro conceitos resultam de tentativas em definir um turismo verde e ecológico. Resumidamente, o turismo responsável baseia-se no nosso impacto real no destino e na adoção de comportamentos mais conscientes, enquanto que o turismo sustentável presume viagens totalmente sustentáveis, com impacto zero. Por sua vez, o ecoturismo (turismo ecológico ou de natureza) “caracteriza atividades turísticas que se desenvolvem sem alterar o equilíbrio do ambiente, evitando assim qualquer dano na natureza”. Finalmente, o turismo regenerativo, implica simultaneamente diminuir o impacto negativo e contribuir positivamente para o destino. Este será o tema do Greenfest 2021, que reforça que “esta abordagem ao turismo verde vem dizer-nos que destruir para depois reconstruir não é o caminho a seguir, mas sim ter um comportamento regenerador à partida”. 

5 dicas a considerar na transição para um negócio mais verde:

Inspiradas nas sugestões do Sustainability Leaders e do SeaGoingGreen.

  • Consultar experts e obter uma certificação verde, ecolabel, monitorizar o processo e desenvolver melhorias continuamente

  • Optar por soluções com impacto direto nos clientes, práticas e relacionadas com o negócio, adaptação para o online, utilização de materiais recicláveis e, sempre que possível, de forma inovadora

  • Criar um departamento com políticas sustentáveis na empresa, responsável pela transição para energias renováveis e envolvimento dos colaboradores e de toda a cadeia de valor

  • Comunicar de forma eficaz, usar as redes sociais para partilhar o progresso da empresa na jornada sustentável, com histórias reais, e sem cair no greenwashing

  • Continuar atento aos desenvolvimentos e preocupações ambientais, ser paciente até obter resultados e não desistir.

*Greenwashing: técnica de marketing utilizada por empresas que aparentam ser eco friendly, quando na verdade têm políticas ou passos na cadeia de valor que contradizem e boicotam essa filosofia verde, camuflando a sua pegada ambiental. 

Vou terminar com uma frase que não me sai da cabeça. “Let’s change today and we will keep visiting tomorrow”, ouve-se no vídeo da campanha do Turismo de Portugal. Como empreendedores é importante sabermos que o nosso progresso pode impactar positivamente o futuro. Ao adaptarmos ideias, produtos e serviços às exigências do presente, provamos que é possível continuar a criar valor, com propostas éticas, responsáveis e verdes, que nos diferenciem da concorrência e melhorem o mundo em que vivemos. 

E vocês, desse lado, já tinham pensado neste tema? Estará o vosso negócio pronto os efeitos do revenge travel e as tendências do turismo responsável? Qual destas dicas escolheriam como prioridade na transição para uma oferta verde? Se as vossas soluções responderem aos desafios propostos pelo Tourism adVenture aproveitem, reúnam a vossa dream team e candidatem-se até ao dia 1 de maio aqui. Estamos à vossa espera! Até breve :)

 

Texto escrito por:

Joana Soares, Acceleration Program Assistant da Fábrica de Startups