Zodomus: Como sobreviver a um dos períodos mais difíceis para o Turismo em Portugal
Este mês convidámos o Fundador e CEO da Zodomus, Manuel Costa, para nos falar um pouco sobre a sua startup e sobre a sua participação no Discoveries, em 2018, e perceber também que adaptações foram necessárias fazer num contexto tão desafiante.
© Ana Oliveira, Fábrica de Startups
A pandemia trouxe muitos desafios aos empreendedores, mas acreditem numa coisa: é possível sobreviver a uma crise, sem se perder um único cliente. A Zodomus é um desses casos de sucesso. Nesta entrevista, o Fundador e CEO deste Channel Manager, Manuel Costa, diz-nos que acredita que se a Zodomus “superou um dos períodos mais difíceis, que foi 2020, vai conseguir superar qualquer coisa no futuro”.
Problema 1 de 2:
Manuel, juntamente com a sua equipa, estava a desenvolver um software para gestão de alojamentos locais, quando se deparou com o primeiro problema: a ligação e integração a canais, como a Booking ou a Airbnb.
O Fundador e CEO da Zodomus conta que na altura, em 2018, estavam a iniciar o desenvolvimento do software e, por isso, só tinham entre 40 a 50 alojamentos locais. Com esses números não conseguiam ter acesso direto a plataformas de reservas, como a Booking ou Airbnb. “Tínhamos de ter, pelo menos, cerca de 1000 propriedades. Teríamos de lidar, então, com aquilo que eles chamavam um channel manager”, explica Manuel.
Problema 2 de 2:
Assim fizeram. Foram à procura de um channel manager, mas apenas encontraram um a operar o mercado, e cujo custo muito superior àquele que queriam oferecer aos seus clientes. “Ou seja, o preço da ligação aos canais era superior ao custo mensal que nós considerávamos justo para o nosso programa funcionar”, conta Manuel.
Uma oportunidade de negócio:
“Portanto, nós achámos que isto era uma boa oportunidade de negócio”, diz Manuel. A seguir, decidiram contactar a Booking e explicar a situação e o que queriam fazer, ou seja, permitir que uma empresa que tenha poucas propriedades consiga aceder diretamente a esta plataforma. No final de 2018, iniciaram o processo de testes com a Booking e em janeiro de 2019 arrancaram com a parceria. Pouco tempo depois, conseguiram ser a “primeira empresa, em seis meses, a atingir o estatuto de parceiro máximo, que é o Premier, que é uma coisa que se atinge, normalmente, ao fim de seis ou sete anos”, conta Manuel. “Este foi o arranque da Zodomus”.
Ganhar visibilidade com o Discoveries:
Manuel conta que tinham acabado de registar a marca Zodomus e de fazer a parceria com a Booking, quando a edição de 2018 do Discoveries arrancou. Com a sua participação neste Programa de Aceleração da Fábrica de Startups, Manuel diz que pretendia dar visibilidade ao seu projeto e também fazer algum networking, dando o exemplo da Climber RMS: “conhecemos o Mário Mouraz através de um dos mentores do Programa e ele ajudou-nos a abrir um canal dentro da Airbnb”.
Expectativa vs realidade:
Como em 2019 ainda tinham poucos canais e achavam que só no final do ano estariam a fornecer o serviço corretamente, decidiram que apenas iriam começar a cobrar o mesmo aos seus clientes no final de fevereiro de 2020. No entanto, com o surgimento da pandemia de Covid-19 decidiram adiar o processo de faturação entre março e junho. Assim foi e em junho Manuel disse: “vamos arrancar, quem quer, quer, quem não quer, não quer”. Para grande surpresa de todos “a Zodomus não perdeu nenhum cliente, mantiveram-se todos”, conta.
Um desafio superado com sucesso:
“Isto provou que o nosso produto é muito interessante, mesmo num período de crise”, explica Manuel. O Fundador e CEO da Zodomus diz que estão a faturar desde junho do ano passado e que continuam a adquirir novos clientes: “a faturação podia ser 10 vezes maior, mas é muito bom sabermos que estamos a faturar e que estamos a faturar mais em 2020, do que em 2019”. Para Manuel a Zodomus “é um produto que está relacionado com o turismo e com as viagens e, portanto, se superou um dos períodos mais difíceis, que foi o ano passado, vai conseguir superar qualquer coisa no futuro”.
À espera de um boom:
Manuel diz ter esperança de terem um boom quando a pandemia acabar, uma vez que muitos dos seus clientes “estão à espera que isto arranque para crescerem para grandes dimensões”.
Crescimento Sustentável:
“Nós vamos investindo à medida que os nossos clientes nos vão pagando”, diz Manuel. Segundo o próprio, nunca têm prejuízo, uma vez que vão vivendo com o dinheiro que têm: “ganhamos menos, crescemos menos, mas eu acho que é mais sustentável”. O Fundador e CEO da Zodomus considera que se criou a ideia de que todas as empresas têm de ter investimento em capital de risco, mas não concorda com isso: “eu concordo que todas as empresas deviam arrancar com Bootstrapping, ou seja, serem financiados pelos seus próprios clientes. “Devemos ter primeiro a certeza de que os nossos clientes aceitam o produto e que temos volume suficiente de clientes para que o produto cresça e só depois, numa fase em que se queira crescer a nível internacional, ter esse tal investimento”, conclui Manuel.
Entrevista feita por:
Rita Frade, Coordenadora de Marketing e Comunicação da Fábrica de Startups